TÉCNICOS DA EMPAER PARTICIPAM DE OFICINA PARA PLANEJAMENTO E MANEJO DE SISTEMAS SILVIPASTORIS PROMOVIDA PELO IOV

By Mequiel Z. Ferreira - ASCOM-IOV Notícias 0 Comments

Entre os dias 26 e 28 de novembro o Instituto Ouro Verde, em parceria com a UNEMAT Alta Floresta – Programa de pós-graduação PPGBioAgro, realizou o Curso de Planejamento e Manejo de Sistemas Silvipastoris para técnicos de ATER da EMPAER – Território Portal da Amazônia, alunos de graduação e pós-graduação. Este curso é resultado do 1º. Workshop em Sistemas Silvipastoris (SSP) realizado pelo IOV em setembro/2024 como estratégia de fortalecimento de uma pecuária mais sustentável para a agricultura familiar na Amazônia.

O curso contou com atividades teóricas em Alta Floresta e dois dias de atividades em campo nos municípios de Nova Guarita e Nova Canaã do Norte, objetivando colocar em prática a avaliação dos sistemas para intervenção e manejo dos mesmos. Isto foi feito em áreas exitosas e consolidadas de sistemas silvipastoris da agricultura familiar no território.

A partir das atividades desenvolvidas, Fabio Meneckelli (EMPAER/Alta Floresta) destaca que “a gente está acostumado a lidar com produtores que querem ver o pasto sem nenhuma árvore, que para eles, quanto mais limpa o pasto, mais ele vai ser produtivo. E nesse curso nós estamos vendo a importância da árvore na pastagem, tanto para o rebanho como também para a fertilidade do solo.”

Trata-se de uma mudança de paradigma, conforme aponta Antônio Paulo Gedoz Barros (EMPAER/Guarantã do Norte), uma vez que, enquanto extensionistas, a tendência é que se aplique sempre o sistema convencional. Dessa forma, aponta que o curso permite agora que os técnicos apresentem essa alternativa aos agricultores e acrescenta que “em alguns vai ser mais fácil aderir a esse conceito, outros já tem uma resistência. Então a gente como trabalha com extensão rural, a gente não vai impor nada, mas vai explicar essa nova forma de visão, de uma pastagem arborizada com árvore, explicar esse ecossistema. Agora a gente tem mais argumentos e exemplos”.

Um dos pontos que mais chamou a atenção dos participantes foi a visita à Fazenda Balem, Nova Guarita-MT, propriedade de Daltron José Balem. Luma Regina Maldaner (EMPAER/Nova Bandeirantes) descreve “fiquei impressionada porque raramente vejo a pastagem naquele nível há 25 anos daquela maneira”. Essa avaliação da extensionista se deu pelo fato de que, a propriedade em questão, tem um sistema silvipastoril que nos últimos 25 anos se mantém como um ecossistema que não necessitou de correções externas com a inserção de adubo ou calcário.

A propriedade de Daltron é, além de uma referência de sistema silvipastoril eficiente, um exemplo de sustentabilidade e de como a pecuária pode ser pensada a partir de outros conceitos, conforme destaca Círio César Custódio da Silva (EMPAER/Apiacás). Círio alerta que muitas vezes esse termo é usado de forma incorreta. Para o técnico “hoje o que a gente observa em boa parte das propriedades é que a pastagem não está durando nem mesmo o ciclo de vida dos animais que estão vivendo nela. E então a gente precisa começar a repensar os nossos conceitos. A gente precisa começar a se reconstruir enquanto técnicos, enquanto profissionais e ao mesmo tempo enquanto extensionistas, que vai estar levando essas novas tecnologias, ou, talvez velhas tecnologias [práticas já existentes a muito tempo] para os agricultores”.

Para o Instituto Ouro Verde, a realização da Oficina representa o resultado de uma caminhada de mais de 10 anos na construção de conhecimento e experimentação com arborização de pastagens e SSP/agrossilvipastoris que IOV e o Prof. o Dr. Alexandre Olival/Unemat vem fazendo juntos no território. Andrezza Spexoto, coordenadora do Projeto Casper, destaca que “a partir da Oficina, a expectativa é de que fiquemos mais próximos da ATER estadual via EMPAER de forma a continuar essa parceria voltada para a melhoria da condição de vida da agricultura familiar através de uma ATER de qualidade focada nos desafios da nossa região amazônica.

Prof. Alexandre Olival destaca ainda que o curso foi realizado em parceria com o programa de pós-graduação PPGBioAgro/UNEMAT de Alta Floresta. O pesquisador reforça que o programa de pós-graduação tem disciplinas que se relacionam diretamente com a temática e vem atuando articulado com o IOV e outras entidades parceiras na realização de pesquisa que permitem usar a diversidade de espécies arbóreas nativas em sistemas de produção a pasto. O Curso foi desenvolvido no âmbito do Programa ARCA (Agricultura Regenerativa para Conservação da Amazônia), com apoio do Projeto CASPER (Armazenamento de Carbono em Pastagens) e parceria com o Programa de pós-graduação PPGBioAgro/UNEMAT.